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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

DIARIO DA EAOF - PRIMEIRO DIA DA QUARENTENA

Acordei as 0430 (já que tinha que estar em forma às 0530 e imaginem 152 homens disputando um banheiro insuficiente). Estudamos e marchamos até as 2330h e temos que decorar uma canção para amanhã às 0530. A gente acorda e tem que se trocar no escuro, porque as luzes do alojamento só podem ser acendidas às 0600hs (a essa hora já estamos faz tempo em forma). O alojamento fica parecendo uma mina escura, com algumas pessoas com lanterna na cabeça. O armário do meu lado, com aquela luz, parece mais um oratório. Todo mundo anda de cantil, que no final não é tão ruim, pois a gente pode beber água sempre que dá um tempo. Mas o cantil atrapalha na hora de fazer posição de sentido e o instrutor reclama que não está ouvindo a mão bater na perna na posição de sentido. Muito interessante são os hinos, cantados em "Sol Esguelado", segundo a definição de um instrutor. Isto é, não para cantar afinado, é para cantar berrando. O Xerife de hoje, um estagiário suboficial infantaria com 35 anos de serviço, afro descendente de 1,90 com vozeirão de barítono foi humilhado, desprezado, arrasado, chamado atenção um milhão de vezes... imagine se fosse outro aluno que não tivesse a experiência dele. Talvez o que mais incomoda é a experiência de quase prisão. Sabemos que por mais 10, 15 ou 20 dias não podemos sair daqui, nem para ir ao supermercado dois quarteirões ali na frente para comprar nada. E se acabar a pilha da lanterna? Fica sem lanterna! É assim que funciona. Talvez o mais desconfortável seja a sensação de dependência. Imagine homens de meia idade, alguns são pais de oficiais aviadores, sendo tratados como recrutas, sem nenhum poder sobre a própria rotina... Todo mundo tem celular e muitos tem notebooks. Quem não tem notebook certamente está arrependido porque aqui tem internet no sistema wireless. Não sei se vou poder escreve novamente amanhã. Este foi a manhã, a tarde e a noite do primeiro dia.

17 comentários:

  1. Diários de um oficial de milicias! hauhauhau

    trannin muito legal a idéia! se você sobreviver, escreva amanhã novamente.

    grande abraço!

    Vine

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  2. carlostrannin@hotmail.com17 de novembro de 2009 às 23:58

    Vinicios, sobreviver, sobrevivi, mas tempo não tive para escrever.

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  3. Depois que passa, tudo será lembrado com muito carinho, pois poucos, muito poucos, conseguem alcançar esse maravilhoso sofrimento. Muitos, muitos mesmo, sonham por toda a vida com esses 18 dias, e não o realizam...

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  4. Caro amigo Trannin: buscando EAOF na net achei seu depoimento. Lebrei que o via na cama escrevendo muito no seu notbook. Ao iniciar esse relato escrevi a palavra "amigo" Trannin. Sinto-me um privilegiado. Que Deus continue te abençoando AMIGO. Edilson 81 96017687 CINDACTA III

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  5. Puxa...teve tempo de escrever num blog durante o período de quinzentena!!! Bom saber disso!!!

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  6. Sou dessa turma e tive o privilégio de conviver,intensamente,com todos os Harpias.Foram três meses marcantes na vida de todos nós.E,ainda,tenho o privilégio de trabalhar próximo do meu amigo Trannin.Um grande abraço a todos os Harpias. Lindeberg SRPV-SP

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  7. Amarela 90 vai invadir o EAOF 2011...é só esperar para ver !

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  8. OLÁ! PENA QUE EXISTIU CONTINUAÇÃO DAS HISTÓRIAS DURANTE A QUARENTENA. ESTAREI REALIZANDO O EAOF 2012 E OBTIVE INFORMAÇÕES VALIOSAS NO BLOG. PARABENS!!

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  9. CORREÇÃO: ... "NÃO EXISTIU CONTINUAÇÃO..."

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  10. Olá caro amigo Anônimo, só não consegui escrever mais porque o tempo era absulatamente nenhum. Foi o tempo que mais cantei e menos dormi na minha vida. Vai aqui mais algumas dicas:
    1. Escreva seu nome grande nas toalhas brancas (porque fica dificil achá-la no meio de 150 toalhas brancas penduradas no varal).
    2. Todos tiram mais que 8 nos três ou quatro exames, mas se você for bem na primeiro ou segundo exame, sem muito esforço, não pare de estudar. É um erro fatal! Eu fui bem no primeiro exame sem estudar, enquanto os outros se matavam de estudar. Então não me esforcei muito depois e minha nota caiu na segunda prova. Tive que me esforçar demais para me recuperar do prejuízo. Vários colegas me disseram que aconteceu o mesmo com eles.
    3. Não precisa se preocupar com o exame físico final, durante o curso você vai receber a preparação adequada. Os instrutores de educação física são capacitados e ótimos profissionais. Eu não conseguia fazer as 20 flexões no começo do curso, nem correr o tempo adequado,mas no final eu consegui. Haverá um teste físico na primeira semana somente para o caso de alguém se machucar e não puder fazer o teste no final do curso.
    4. Se eu fosse dar um conselho importante para alguém na EAOF, eu diria: aprenda realmente os hinos militares, memorize, escute no carro, no serviço e você não vai gastar seu tempo tão importante por lá decorando os hinos.
    5. Não deixe sua inspeção de saúde vencer durante o curso, renove-a antes de ir para lá.
    6. Eu tentei, mas não consegui receber as ajudas de custo no tempo devido. Os alfaiates e reembolsáveis sabem disso e são flexíveis.
    7. Utilizei todas as formas de condução São Paulo x BH. Gol, avião e carro. Depende das promoções, etc. É preciso voltar à escola domingo de noite.
    8. Se valeu a pena? Muuuuito! Um grande abraço. Trannin

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  11. Tenente Aleluia - EAOF 20097 de setembro de 2012 às 21:25

    Parabéns pelo relato. Só quem passou pelo referido curso sabe a real dimensão do que foi dito nesse blog.Devo salientar que o Trannin ainda conseguia ser o fotógrafo "não oficial da turma", além de estar sempre pronto a ajudar quem precisasse.

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  12. Oi Aleluia, muito obrigado. Um grande abraço. Trannin.

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  13. Estarei no EAOF/2013 obrigado pelas dicas.

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  14. CARNAVAL EM VENEZA (Senta a Pua)
    (Hino oficial da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira)

    Letra: Cap. Pessoa Ramos, Ten. Rocha, Ten. Perdigão e Ten. Rui
    Música: Benedito Lacerda e Herivelto Martins

    Passei o carnaval em Veneza
    Levando umas “bombinhas” daqui.
    Caprichei bem o meu mergulho,
    Foi do barulho, o alvo atingi.
    A turma de lá atirava.
    Atirava sem cessar
    E o pobre do jambock pulava.
    Pulava e gritava sem desanimar.
    Assim:
    Flak, flak, este é de quarenta.
    Flak, flak, tem ponto cinqüenta.
    Um bug aqui, um bug lá
    Um bug aqui, um bug lá
    Senta a pua! Minha gente,
    Que ainda temos que estrefar


    Estrefar – do grego strèfò: retornar(ao local de origem; dar meia-volta. (Houaiss)
    BIS

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  15. Trannin, navegando na net, deparei-me com o seu relato dos dolorosos e saudosos dias do nosso estágio. Deixo aqui o meu fraterno abraço ao amigo que recordo com bastante alegria e ratifico o que o Aleluia comentou a seu respeito.

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  16. Busquei pelo Blog EAOF 2016 e achei seu blog. Ótimas dicas para quem ainda vai fazer o curso como eu. Parabéns.

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