
Por que nossas atividades rotineiras parecem tão sem valor? Bertold Brecht perguntou se César não tinha um cozinheiro, afinal, os livros só têm os nomes dos reis. Penso em Neil Armstrong, que aos 39 anos pisou na lua. Tudo o que ele fez depois disso até hoje, aos 78 anos, não tem valor? Ele deve abastecer o carro, tirar extrato bancário, levar um neto ao parque, mas isso não importa. Só importa que ele pisou na lua. Parece que as coisas só autenticam a nossa vida quando envolvem um fato extraordinário. O que exclui 99,99% da humanidade. Pois é Brecht, a vida só vale a pena se conquistarmos a Gália, cozinhar não vale a pena. Trannin.
Curiosidade: Em 2005, Neil Armstrong, processou um barbeiro que vendeu, sem seu consetimento, uma mecha de seu cabelo a um fanático por 5.000 dólares. Quanta chinelagem!
Curiosidade: Em 2005, Neil Armstrong, processou um barbeiro que vendeu, sem seu consetimento, uma mecha de seu cabelo a um fanático por 5.000 dólares. Quanta chinelagem!
Talvez a desilusão seja desejada, afinal de contas é mais fácil perseguir alvos inatingíveis. São tantos "ses" pelo caminho que nossa responsabilidade vai quase a zero e, não conseguindo tenho algo aparentemente razoável para choramingar. Por outro lado, perseguir alvos atingíveis depende mais do que eu posso fazer. Os "ses" não atrapalham tanto. É ai que não existe razão para choramingar. Não posso choramingar, tenho é que chorar mesmo.
ResponderExcluirTalvez seja por isso, choramingar é melhor do que chorar. Explicar porque choramingo é fácil, explicar porque choro é difícil.
O mais triste é que para o que choraminga não resta nada. Como vou consolar alguém que não conseguiu passear na Lua. Já para o que chora, resta, e é possível o consolo.
Eu prefiro chorar.
Jean Paul Sartre disse que o problema não é nossa infelicidade, o problema é se nós formos responsáveis por nossa infelicidade. Isso é que é infelicidade. Já vi muitas pessoas culpar a vida por coisas pelas quais elas mesmas são responsáveis. (aproveitam que nem sempre é muito claro o que é pisar na lua e o que não é). Acho que você matou porque só os feitos extraordinários parecem autenticar a vida: eles nos fazem sentir melhores, não somos responsáveis por não atingi-los.
ResponderExcluirSr. Tranim
ResponderExcluirO homem não pisou na lua.
Oi Paulo, como você encontrou meu blog. Seja bem vindo. Eu já conhecia o assunto, sobre as sombras que não estavam paralelas, sobre o tremular da bandeira, sobre a iluminação dos astronautas em locais de sombra, etc. Também li contra-argumentação sobre o caso. Por exemplo, sobre as sombras, se você tiver um solo desnivelado e outro reto, as sombras pareceram diferentes, quanto ao tremular da bandeira, havia uma haste que a sustentatava. Os astronautas era iluminados pelo reflexo da luz. Mas acho esse assunto tão interessante, que coloquei mais um tópico, são as chamadas Teorias da Conspiração, existem várias. Creio que, independente de certas ou erradas, elas tocam em um assunto fascinante chamado Epistemologia, ou seja, como nós conhecemos aquilo que conhecemos. Faz parte da teoria do conhecimento e é um tema fascinante. Confesso a você que talvez eu também creia em algumas teorias da conspiração também, embora eu não creia assim numa conspiração, um dias posso lhe falar sobre elas. Um grande abraço. Carlos.
ResponderExcluirEste comentário é de Fernando Pessoa:
ResponderExcluirTENHO MAIS PENA dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão. Não me pode pesar muito o ter deixado de ser imperador romano, mas pode doer-me o nunca ter sequer falado à costureira que, cerca das nove horas, volta sempre a esquina da direita. O sonho que nos promete o impossível já nisso nos priva dele, mas o sonho que nos promete o possível intromete-se com a própria vida e delega nela a sua solução. Um vive exclusivo e independente; o outro submisso das contingências do que acontece.
Fernando Pessoa em O livro do desassossego - Cia das Letras, p.159.