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sábado, 16 de julho de 2011

LIVROS

Hoje estou saindo de carro para fazer algumas coisas com cinco livros na mão. Tenho o desejo de que, aparecendo uma janela, eu consiga ler um pouquinho de alguns deles. Minha maior sorte será uma fila enorme, um serviço demorado ou até quem sabe uma interrupção no trânsito, qualquer coisa que gaste meia hora, uma hora ou mais. Então vai ser meu êxtase. Enquanto as pessoas ao meu redor estarão almadiçoando os atrasos, estarei abençoando profundamente àquele momento, que vai saciar minha vontade de ler um pouco mais de meus livros . Os livros que estou com vontade ardente de ler agora são: 1. "Vendo Vozes" de Oliver Sacks, uma viagem ao mundo dos surdos. (comprado na USP); 2. Uma biografia de Ben Carson, um menino pobre que se tornou neurocirugião (comprado na Siciliano ontem); 3. "A Arte da Prudência" de Baltasar Gracián, escrito em 1640 - só comprei porque foi lido e elogiado por Schopenhauer que o leu 100 anos depois de escrito. Schopenshauer é aquele filósofo que disse tem gente que lê tanta porcaria que fica burro. (comprado na Siciliano ontem) 4. "Como lidar com pessoas difíceis" - série da Publifolha (comprado na La Selva no aeroporto) e 5. "Faça as Escolhas Certas e Corrija com Rapidez as Erradas" torço para que seja interessante(comprado na Siciliano ontem). Quero deixar bem claro que não pretendo aprender absolutamente nada com esses livros, mas se aprender é lucro. Também não me importa se concordo ou não com o livro. Esse Baltazar, por exemplo, sujeito do qual nunca ouvi falar, tem alguma coisa de Machiavel que não me cheira bem. Se o livro presta, ler para discordar também é um prazer. Pois o fato, por exemplo, de um cientista ter motivação enorme para estudar o câncer e tirar uma satisfazação indizível em descobrir algo, não quer dizer que o processo canceroso, em si, é uma coisa boa. Ler, para mim, é um prazer enorme. Ler também é mais do que ler um livro. Ler também é ouvir uma pessoa, fazer uma viagem, celebrar na igreja, brincar com uma criança, visitar o serviço do cunhado ou até chupar cana junto com minha mãe de 86 anos. Nessa comunicação é preciso que o amor se reconheça. Imitando Shcopenhauer, assim como os livros, muitas de nossas vivências nos deixam burros, não são proveitosas. Tanta coisa no que se vê e no que se lê não tem autenticidade, não tem consistência. Ler é essa comunicação com a vida. Da nossa parte é preciso contemplar, admirados, perplexos, a criação e o próximo. Nesse contexto, o livro, para mim, é um ato de amor, um ato de generosidade do autor. Se prestar, é porque ele se entregou. Arrisco uma hipótese: Se o livro não prestar, ele não se deu, ele pensa que se deu, mas o que ele fez foi repassar a máscara que ele assumiu. A obra medíocre não toca a essência do ser humano. E também tem outra coisa: Muita gente não sabe, mas receber é mais difícil do que dar. Por isso tanta gente não lê.

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