O nosso hino foi composto por Joaquim Osório Duque Estrada e a música por Francisco Manoel da Silva. Vai aí a informação, nunca se sabe quando alguém, de repente, nos pergunte isso, não é? Particularmente, se você não vai prestar concurso para ingressar em uma banda militar, acho que isso é um tipo de cultura inútil. Isso me faz lembrar a obsessão do povo brasileiro para saber qual a capital desse ou daquele país. Não há maior ofensa para um brasileiro do que chamar Buenos Aires capital do Brasil, ou maior burrice para um brasileiro do que chamar Nova Iorque capital dos Estados Unidos. Gente, que bobagem! Bom, voltando para o hino, eu faço parte daquele tipo de cidadão que tem a obrigação de cantá-lo de vez em quando. E não me consta que alguém, em sã consciência, sem ter essa obrigação, saia por aí cantando o hino nacional. Nunca ouvi falar de alguém cantando o hino no banheiro ou em um programa de calouro. (Exceção para aquele programa da Bandeirantes que dava um prêmio para quem soubesse cantá-lo inteirinho na rua). Uma vez tive que cantá-lo, imóvel, junto com mais 154 pessoas, mais de vinte vezes sobre um sol escaldante. Era um exercício de didática muito eficiente onde cada erro praticado provocava uma nova tentativa. Sobre a perspectiva de termos que repetir tudo no dia seguinte, ficamos estudando o hino até de madrugada. Método muito eficiente. O nosso hino tem algumas pegadinhas, por exemplo, todo mundo confunde aquelas partes: "Brasil, um sonho intenso" com "Brasil, de amor eterno". Nessa hora sempre o volume abaixa, as pessoas em dúvida silenciam e ficam esperando o hino continuar e então o volume aumenta. No quartel me ensinaram assim: "Primeiro você sonha, depois você ama", isto é, cante primeiro "Brasil, um sonho intenso" e depois "Brasil, de amor eterno". Poético, não acham?
A propósito, alguém já se deu conta de que poderia estar mentindo naquele trecho: "DO QUE A TERRA MAIS GARRIDA, TEUS RISONHOS, LINDOS CAMPOS TÊM MAIS FLORES"?. Gente, esses dias me dei conta de que, toda vez que cantamos esse hino, a gente está mentindo! Será que nossos campos têm mais flores do que os campos da Argentina, da Suíça ou dos Estados Unidos? Bom, sei lá, com nossos 8 milhões de km quadrados, sem desertos, vai que o hino esteja certo...mas duvido. Ah não, não me venham com essa história de "verdade poética". Verdade poética é quando uma texto "viaja" distorcendo a realidade. Daqui a pouco o sujeito vai dizer que uma distorção na declaração de imposto de renda foi uma verdade poética. Acho que a expressão "mentira poética" seria mais realista (embora convenhamos, chamar essas liberdades do texto literário de "verdade poética" é muito mais bonito). A propósito, esse trecho das flores, poeticamente mentiroso e inquestionavelmente belíssimo, foi composto por Gonçalves Dias na Canção do Exílio, não por Duque Estrada. Se bem que isso não é novidade para ninguém e não creio que o Duque Estrada tenha escondido esse fato. Estive ouvindo no Orkut muitos hinos estrangeiros. Uma coisa eu acho, das terras mais garridas, podemos não ter os campos mais floridos, mas dos hinos do Youtube, temos com certeza o hino mais bonito.
By Carlos R Trannin.
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