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domingo, 29 de novembro de 2009

Esse dia que nunca chega

Por Carlos R Trannin
Um concurso é um mundo de expectativas e emoções. Quem esperar que um concurso seja uma estrada reta em uma planície suave está enganado. Para muitos é simplesmente um abismo intransponível que nem vale a pena tentar ultrapassar. Não é verdade, nem tudo são penhascos ou montes, tem as rptonas também. Tem hora que a esperança nasce, tem hora que ela morre, depois nasce de novo. É um ritual: As ligações para os amigos, as consultas sem sucesso na internet para ver se "saiu alguma coisa" e... nada. Parece que o Edital nunca chega, mas um dia está lá, aquela vastidão de informações que a gente não lê mais que uma vez, quando lê. Então vem a inscrição: pagar as taxas no banco, a autorização do chefe, a pergunta dos amigos : "Você já se inscreveu?". Tem aquele se inscreve sempre, tem aquele que não se inscreve por princípio, tem aquele que está pensando em se inscrever, tem aquele que se inscreve escondido (sem os colegas saber que ele se inscreveu), tem aquele que ia se inscrever e não deu tempo de pagar a taxa no banco... enfim, o Edital que nunca chegava, chegou. E chegou a parte de estudar (ou continuar a estudar. O dia do exame demoooooora. Mas enfim chegou a data do exame, a saída de madrugada,a garrafa de água, o chocolate em barras, duas canetas, lápis que não sei para que serve, o cartão de inscrição que a gente confere um milhão de vezes para ver se está conosco. Dois dias depois vem a hora de conferir o gabarito, as contas para ver se não levou bomba de cara, os recursos de questões e o dia mais esperado de todos: a lista dos aprovados (só depois dois logos meses, para nosso sofrimento). Então é a preocupação com o teste físico, a eterna sensação de que não nos preparamos adequadamente. Mas esse dia também passa. Pronto, acabou o teste físico, deu tudo certo até agora e se o candidato pensa que vai descansar está muito enganado! Tem o exame de saúde, única hora em que alguns afoitos descobrem que tem que perder peso, no caso do concurso do EAOF. Muitos, como eu, deixaram um último quilinho para perder na última semana. Acabando o exame de saúde, se você pensa que o resultado final vai sair logo... está muito enganado. Vão manter a sua alma em suspense até poucos dias antes do início do curso. Aí vem a hora de levantar documentos,informações estranhas como os telefones das escolas que você estudou, comprovante de regularidade eleitoral, atestado de antecedentes , enfim, outro corre. Pronto, preparar as malas. Fácil? Enganou-se de novo. Eles até chamam a mala de "enxoval". Tem um monte de ítens que você não tem, tem peças de fardamento que você, que é militar, precisa e que simplesmente não estão à venda num raio de 500 km, tem ítens esdrúxulos como cantil, por exemplo, que mais tarde você vai descobrir que será essencial no início do curso. E a correria de consertar o carro, pagar contas, desligar-se do serviço anterior... é incrível a quantidade de pendências a resolver para quem sabe que ficará ausente três meses de casa.
Enfim o primeiro dia de aula, em nosso caso, 09 de Setembro, dia que parecia que nunca ia chegar. A quinzentena, que a gente contava os dias, primeiro dia, segundo dia... Então ficamos aguardando o fim da quinzentena. Quando vai chegar, com 12 dias? Com 14? Com 17? Depois as provas. O último teste físico, que parecia tãããão distante.... toda a nossa preparação física durante o curso era para ele, falado em cada aula. E a prova de Ordem Unida? Corríamos atrás de informações, de dicas... trocávamos opiniões sobre o que poderia dar errado. No final, a Ordem Unida foi muito mais tranqüila do que parecia. Enfim, passaram as provas, passaram os testes físico e de ordem unida, acabaram as avaliações... e a gente tolamente pensa que acabaram as ansiedades... ledo engano! Tem a lista final da classificação dos alunos que nunca sai. Quem é que vai para onsw. Quem tem um milésimo de nota maior ou menor. E tem os treinos para a formatura, a encomenda das espadas que nunca chega. Tem a preocupação com a reserva de hotéis para familiares, tem a logística da chegada dos parentes. Tem o trabalho de enviar os convites e assinar as listas. Nem fale, as listas são inúmeráveis, infinitas, sobre tudo que se possa imaginar. Fizeram até uma lista para comprar uma nova máquina fotográfica para mim, pois a minha caiu na piscina. Uma vez eu fiz uma listas das listas. Você vai chegando ao final do concurso, olha para trás, e percebe que desde aquele dia da inscrição, você está completamente ocupado, sempre, sempre aguardando alguma coisa. Hoje, no momento que escrevo este texto, muitos estão dormindo ansiosos para a escolha da localidade que será amanhã. Daqui a cinco dias a formatura. Normal. Fazer concurso é "Aguardar a próxima etapa". De repente percebi que a essência dos concursos é essa: Sempre algum objetivo que parece que nunca chega e, pior, mal ele chega, já tem outro tomando o lugar. Desde a expectativa de aguardar o Edital até o último ato, sempre tem um dia de alguma coisa para chegar. Sempre. Enfim, concurso é sempre isso. No final de tudo, olhando para trás, tem-se a sensação de que as coisas não eram tão desafiadoras quanto pareciam. Que a nossa expectativa fez as coisas parecerem muito mais complicadas do que na verdade foram.

Um comentário:

  1. Olá Trannin

    Parabéns!! Desejo tudo de bom e muito sucesso nessa nova fase de sua vida. Guardo com grande carinho os bons momentos que passamos juntos na sala AIS, os muitos serviços, "bocas-pobres", etc...

    Sempre vai estar em meu coração como grande amigo, assim como o Messias que não esqueço. E, o mais importante, nunca deixe Deus de fora da sua vida

    Quando puder nos faça uma visitinha aqui na AIS.
    Abraços, França

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