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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Do auto-engano de cada dia livrai-nos hoje, amém

Tenho duas irmãs mais velhas que eu, com as quais cresci, diferentes em qualidades e defeitos, mas com uma coisa em comum: parecem não reconhecer os próprios defeitos, mas parecem conhecer perfeitamente os defeitos da outra. Se forem perguntadas qual o defeito da outra irmã, a resposta vai ser precisa, cirúrgica, com um risco de caprichar até de mais... mas quando se trata dos próprios defeitos... toda aquela objetividade cai por água abaixo. Aparecem justificações, aparecem negações, aparecem relativizações, aparecem explicações...
Por que simplesmente não admitimos nossos erros, nossas falhas, ao invés de arrumar explicações ou desculpas esfarrapadas? Ora, a resposta é porque simplesmente somos humanos, e como tal, temos um ego de estimação. Essa relação de amor com o próprio ego, marca de todo ser humano, às vezes chega a ser cômica, como lá em casa.
Ninguém é exceção. Eu e você, caro leitor, temos nossos defeitos, os quais no fundo, no fundo, minimizamos. Mas é claro que, de vez em quando, encontramos alguém que exagera nessa característica tão humana. Seja no serviço, seja em casa, seja entre amigos a gente fica simplesmente impressionado com o auto-engano praticado pela pessoa. Vem aquelas perguntas: "Mas como essa pessoa não está vendo que ela está fazendo isso?", "Mas como essa pessoa não percebe as conseqüências de seus atos?" "Mas como essa pessoa não percebe a responsabilidade que ela tem?" "Mas como essa pessoa não percebe que ela fica ridícula, cômica, negando o que todo mundo vê?".
Nessa nossa relação de amor com o ego, muitas vezes temos a condescendência dos nossos amigos e familiares, que nos amam e nos suportam, afinal, o prejuízo quase sempre é nosso mesmo.
Ah, esse nosso ego, tão bonito e perfumando...Adão já começou colocando culpa na Eva, que por sua vez colocou a culpa na serpente que "Deus tinha colocado no Paraíso" (que dizer, até para Deus sobrou culpa).
Gente, qual é o problema de nos acharmos ridículos, falhos, pecadores, errados?
Como diria Fernando Pessoa: "Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos, Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?".
Como é difícil alguém como Davi, Salmo 51, que simplesmente disse: "Eu pequei contra ti, contra ti somente e fiz o que era mal diante de seus olhos". Será que é tão difícil assim para nós simplesmente dizer: "errei"? Sem nenhuma atenuante, sem nenhuma justificativa, sem nenhuma anestesia, um simples e puro: "errei". Carlos R Trannin.

2 comentários:

  1. Carlão! Gostei muito da postagem!

    Abaixo ao relativismo egocentrico do meu ego! ... rsrs

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  2. Obrigado Vi. Eu suspeito que há tantas coisas que eu mesmo devo estar cego, digo com respeito a esses pecados de estimação, manias, que a gente nega, e que todo mundo sabe que é um defeito mas até largou mão de implicar com a gente. Como eu disse, eu tenho que aprender a orar: "Meu pecado de cada dia, esse pecado feijão com arroz, de estimação, me livra hoje, amém". Um abração Vi.

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