Quando morei em São Paulo, durante três anos ajudei meu amigo Jörg em um trabalho com crianças de ruas. Jörg é um missionário da Alemanha e trabalha em uma organização internacional - APEC - voltada para a evangelização de crianças. Hoje li um texto, transcrito abaixo, que me recorda a rotina de nossas saídas nas ruas de São Paulo:
São Paulo, Vale do Anhangabaú (centro), sexta-feira, 21 de novembro de 2008, por volta das 22 horas, a equipe da APEC de Evangelismo nas Ruas encontra Pedro (nome fictício), de 11 anos, cheirando cola de sapateiro.
Na semana anterior, ele estava quase no mesmo lugar, mas sem condições de conversar por causa do efeito da droga que havia ingerido.
Que alegria vê-lo novamente.
Naquela noite, após ouvir o plano da salvação através do Livro Sem Palavras, Pedro ficou muito interessado.
Perguntado se gostaria de convidar Jesus para morar no seu coração como seu Senhor e Salvador, ele ficou em silêncio.
— Preciso pensar se respondo sim ou não. Depois de alguns segundos, ele respondeu — sim!
Durante a conversa, ele jogou fora um saquinho de cola.
De repente, ele tirou mais seis saquinhos, de seu bolso e os jogou num cesto de lixo.
A conversa continuou por algum tempo para firmar a sua decisão e para incentivá-lo a sair daquela situação.
Qual será o futuro de Pedro e de milhares de outras crianças no Brasil e ao redor do mundo em “situação de risco”?
Este texto é parte de um artigo escrito para a
Revista "O Evangelista de Crianças" pelo missionário Jorg, responsável pelo ministério com crianças
em situação de risco da APEC
nossa, nem sei o que dizer.O menino devia ter mandado vcs a merda. Em vez de dizerem coisas uteis para ele, de encainharem ele para algum projeto social serio ficam entupindo o menino de babaquices e faz-de-conta. Quando ele descobrir que deus nao existe... aff
ResponderExcluirencaminharem*
ResponderExcluirAss: Priscila
Cara Priscila, adorei seu post. Depois você até corrigiu uma palavra e assinou. Que bonitinho.
ResponderExcluirQuero comentá-lo:
"O menino devia ter mandado vcs a merda"
- Se ele me tivesse "mandado a merda" eu, Carlos, ia achar o máximo. Estaria vendo no ato dessa criança uma esperança de brio, um projeto de dignidade, um desejo de autenticidade.
Uma expressão de revolta genuína é melhor do que uma expressão de concordância apática, falsa e indiferente, o que, aliás, não foi o caso do Pedro.
"Em vez de ...encaminharem ele para algum projeto social sério"
- Certamente você não sabe que uma criança como essa já passou por pelo menos dez projetos sociais sérios. Em alguns deles mais de uma vez. Esses projetos são infinitamente melhores do que a rua onde essas crianças cometem crimes e sofrem abusos e violência de traficantes e policiais. Na rua a vida delas é curta. Um vez encontramos uma criança cujo irmão tinha amanhecido morto nas ruas naquele dia. Uma coisa você acertou em cheio: é inadmissível, é criminoso, é infame, é absurdo, é pornográfico, é vegonhoso que essas crianças permaneçam nas ruas. Que elas tenham que sair das ruas todo mundo concorda, mas "como" é a grande questão.
"ao invés de dizerem coisas úteis...ficam entupindo o menino de babaquices e faz-de-conta"
- Em sua crítica ardente a nossa abordagem (a qual você chama de "babaquices e faz-de-conta") você parece ter uma proposta de um diálogo para as crianças de rua (a qual você chama de "coisas úteis"). Quero encorajá-la a desenvolver o seu conceito de "coisas úteis" e que talvez lhe pareçam claras. Eu, particularmente, fiquei muito curioso, porque já tentei muitas. Traga à luz novas formas de diálogos. Interaja com instituições (não precisam ser religiosas). Faça um brain-storm. Danem-se filosofias e crenças, a minha e a sua, é preciso encontrar meios para que as crianças permaneçam em instituições sérias e/ou famílias adequadas. Se você tem idéias válidas, "babaquice e faz-de-conta" é guardá-las para você. Você pode ter uma participação muito importante.
" quando ele descobrir que deus não existe..."
- Ao contrário, ele já descobriu que Deus não existe faz muito tempo, mas ele pode descobrir que "Deus existe" paradoxalmente em pessoas como você que (gostando, odiando ou indiferentes a um discurso sobre Deus) ficam indignadas contra burrice, manipulação, injustiça e vergonha, e agem contra situações como essa das chamadas "crianças de rua" no Brasil. Você pode chamar essa indignação em seu coração do que você quiser, eu chamo de uma concepção inicial de Deus. O resto para mim... seja agnóstico, ateu, cristão, sei lá o que, fora dessa concepção, é pura "babaquice e faz-de-contas".
Carlinhos 1 X 0 Priscila
ResponderExcluirTava com saudades já!
ResponderExcluirGRande abraço Carlão.
Ah!!! Tranin! Concordo com o Leonardo, mas mudaria o placar para 3x1. Não tenho muito a acrescentar, principalmente em relação a sua resposta. Mas, vejo que o problema girou em torno de: 1) Deus existe? Bem, acho muito difícil acreditar que Deus não existe. Posso até acreditar que EU não existo, sou uma espécie de sonho que Deus está tendo e, quando ele acordar acabou o Marcos. Acho isto mais lógico que dizer que Deus não existe (aliás gostaria de entender esta coisa de DESCOBRIR que Deus não existe, como se DESCOBRE isto?). 2) Como é o sofrimento a maior evidência que Deus não existe, talvez seu primeiro post tenho levantando esta reação. Por outro lado, acho que posso também dizer o contrário. A alegria prova que Deus existe? Eu acho que não se prova nada com o sofrimento ou alegria, mas acho que somos mais coerentes ao enxergar que existe mais do que o sofrimento e, mais do que a alegria.
ResponderExcluirEu te conheço e conheço seu trabalho e, mesmo que eu fosse ateu, não acharia justo o tipo de comentário que recebeu. Quantas vezes você me chamou para ajudar. Me lembro de ter ido apenas uma vez. Então, acreditando em Deus ou não, eu sei que você fez, você ajudou, sou prova disto.
Aqui onde estou, este problema quase não existe. Seria a riqueza a solução? Seriam as leis severas e sempre aplicáveis aos pais a solução? Não posso dizer que é a solução, mas visivelmente ajuda muito. O problema é que aqui isto está gerando um outro problema. Meninas adolescentes estão engravidando, tendo 1, 2, 3 filhos porque desta forma recebem uma boa ajuda do governo (dinheiro mensal, casa, saúde, etc). Sem filhos não recebem nada. Mas você, ou alguém, pode achar que estas crianças estão sendo bem criadas?
Resumindo, estou com você. Um abraço.
Marcos.