
O primeiro dia ninguém esquece! Tudo é novo e fica mais impressionante. Depois, com o tempo, acostumamos com as "novidades" e esquecemos o choque que é o primeiro contato. Na verdade, eu não estava preso, nem entrei, apenas levei meu vizinho para visitar o filho dele que estava preso. Foto acima. O acesso ao lugar é tão difícil, que leva duas horas de ônibus, mas de carro leva só 15 minutos ! Quando chegamos meu vizinho não pôde entrar porque estava de sapatos. Descalço também não podia entrar. Se tivesse de ônibus tinha perdido a viagem, mas voltamos para buscar um chinelo. Alguns familiares de presos montaram barracas, porque moram longe e tiveram que chegar no dia anterior. Várias pessoas voltaram por falta de documentação. Fiquei sabendo que uma senhora, que mora longe, voltou porque não tinha uma cópia da conta de água. Se chover, não há nenhuma cobertura por perto nem tem para onde correr. Do lado de fora não tem água, não tem banheiro, não tem telefone público. Durante as visitas, não há bancos nem cadeiras. Ficam todos em pé ou de cócoras. Eu soube que nas celas não há chuveiros, cada preso precisa ter três baldes plásticos: um para água potável, outro para banho e outro para lavar a roupa. A água é racionada. São os familiares que providenciam todo o material de higiene também. "E quem não tem familiares?" perguntei. "Os outros presos dividem com ele " - responderam-me. Muitos familiares vêm de longe e simplesmente descobrem que o preso foi transferido. Uma coisa me deixou intrigado: uma parte desproporcional dos visitantes era da classe “E”.
Horrível!!! me fez lembrar de quando passei pela cadeia.
ResponderExcluirA dificuldade que encontramos de passar a diante os donativos. E até mesmo a cara fechada do pessoal. Dizem que não podem ser legais, porque lá só tem gente ruim.
As pessoas confundem "regime à ser cumprido" com "Dignidade cívica"
Até onde sei, creio que a dignidade tem de ser levada onde o cidadão está. Alias! Lá seria um ótimo lugar de como ser cidadão, respeito mútuo, etc ...
É Vinícios, quer conhecer uma pessoa? Dê a ela poder. Poder ser o poder de um enfermeiro com um paciente em coma, um agente carcerário com a mãe de um preso, um soldado com um recruta, um cidadão com um estrangeiro... enfim, todas situações em que tive o privilégio de estar do lado mais fraco. Dê poder a algúem e você conherá a grandeza ou a mediocridade que está nessa pessoa.
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